terça-feira, 17 de janeiro de 2017

SEPARAÇÃO & SOLIDÃO!


Existe uma solução para conflitos em relacionamentos humanos entre duas ou mais pessoas, particulares e organizacionais?

Economia Solidária são conceitos novos e revolucionários em experimento em países da Europa e em comunidades. Isto me leva a algumas reflexões e a um diálogo comigo mesmo:

- Onde estão os recursos que preciso? Na sua mente e nas suas posses. E os que você precisa? Igualmente comigo. Porque não os partilhamos? Consigo ou não consigo partilhar?

- Adoro trabalhos em grupo e acho adorável a ideia de comunidade. Preciso me mudar para uma comunidade urbana ou rural, para ter uma vida comunitária de partilhamento e ajuda mútua? Talvez? Poque não posso montar uma comunidade na minha rua onde partilhemos tudo? O que impede?

- Posso sair batendo de porta em porta, apresentar a proposta a todos. Alguns vão aceitar melhor, ou parcialmente e alguns vão rejeitar. E na minha empresa? Imagine então uma proposta de relacionamento AFETIVO aberto? Vai funcionar? DUVIDO!

Porque? Individualismo humano. Exclusivismo. Purismo. Preconceito. PROPRIEDADE. Competição. 


- O intimo de cada um precisa ser preservado, continuar oculto e quando se vive comunitariamente isto tende a vazar e ocasionar conflitos.

Dividir, partilhar como ensinamos para as crianças é difícil. Mandamos fazer mas não fazemos. Isto é instintivo, natural?

- Tenho imensa dificuldade em abrir mão das minhas idiossincrasias.

Será que a dificuldade é abrir mão das POSSES internas ou das externas? Ou das duas? Parece que as duas. Mas a possessão se origina de motivações internas.

Então a razão de existir da nossa sociedade capitalista, materialista, consumista, competidora, preconceituosa, exclusivista, possessiva, indiferente, enfim, anti ecológica se dá por uma natureza interna nossa. Ninguém seria culpado? Responsável sim!

- Por outro lado esta natureza me faz ser solitário, viver isolado, triste, não importa a quantidade de recursos que consiga acumular.


Mesmo assim preferimos continuar assim, pobres por dentro mas ricos por fora. Ainda nos parece mais vantajoso que o comunitário. Mas precisamos de amor. Ninguém vive sem ele. A nossa esperança em resolver a imensa solidão que vivemos reside num relacionamento a dois, que chamamos de “amoroso” e que esperamos resulte numa família mas com o passar de um breve tempo se torna aprisionador e conflitivo.

O nosso cérebro racional funciona numa lógica linear, num só sentido e direção. Só realiza a lógica matemática de dividir e subtrair. Pra eu entender um problema, resolver algo, encontrar uma solução tenho que dividi-la em partes, subtrair o que interessa do que não interessa. Fazemos isto em tudo em nossa vida. Por isto os relacionamentos afetivos e familiares são tão conflitivos. Cada um pucha numa direção linear, como obriga nossa lógica racional cerebral e os atritos são inevitáveis.


Somos o nosso cérebro!!! Só isto??? Não adianta procurarmos nas religiões, na ciência, na filosofia?

- Experimentei todos os métodos que encontrei. Depois de insistir um pouco logo encontrava contradições e isto me irritava muito.

Algumas pessoas não se importam com as contradições e preferem o “me engana que eu gosto”! Como decidi nunca mentir para mim mesmo logo via que estava no mesmo ponto do começo. A verdade é que ninguém tem a resposta. Temos que investigar e descobrir por nós mesmo, sozinhos. Podemos fazer o que ninguém já fez antes?

- Eu prefiro ser autodidata em minha vida! Ninguém pode me dizer como é ou como deveria ser a vida. Insisto em descobrir por mim mesmo.


Isto não quer dizer não escutar os outros. As diferenças podem ser muito inspiradoras, desde que não tenham rótulo de verdade absoluta. O mundo é relativo como disse Einstein, então toda verdade é transitória. Tudo é impermanente como dizem os budistas.

Então preferimos ser e viver SEPARADOS uns dos outros, da natureza, do universo. Porque?

- Me angustia me desfazer desta preferência. Não tenho nada para por no lugar.

Se resolvo enfrentar o dilema tenho que ficar COM O QUE É. Ou isto me consome por inteiro, ou supero e cresço até a altura do problema.

- Quero resolver isto por que não gosto de solidão. Nenhuma posse compensa isto.

Percebo que ao final das contas, isto é apenas um CONCEITO ao qual estou apegado.

- Tenho que digerir isto! Mas adoro ser proprietário das minhas ideias. São meu patrimônio. O tipo de riqueza que valorizo.

Esta posse não é diferente de quem acumula dinheiro, poder como os políticos, diplomas como os acadêmicos, deuses como os religiosos, etc.

- Mas me separo de todos eles por preconceito, porque considero os meus bens os certos, melhores do que os dos outros que considero meus opositores e inimigos. Sou melhor que eles.

Sou??? Já conheço esta cilada dentro em mim. Hoje em cima, amanhã em baixo. Na verdade isto é só um complexo de superioridade para esconder um mais profundo de inferioridade. ISTO É SOFRIMENTO!


- Prefiro então sofrer que gozar a vida? Prefiro um apego a um conceito inútil, do que me desfazer dele?

Vejo que não há nada para colocar no lugar. Se perder este preconceito, fico sem nada, sem uma pré-opinião sobre os outros. Porque quero ter uma opinião sobre os outros em geral? Aproveito para perguntar porque a opinião dos outros é tão importante para mim? Ora é obvio! Como prefiro me separar dos outros e ao mesmo tempo preciso de amor, isto causa dor e sofrimento. Para justificar a burrice da preferência boto a culpa nos outros. São eles que não me amam e não eu que me separo deles.

- Então estou sofrendo por opção! Oque fazer?

NADA, ora! Se quero assim, seja feita a minha vontade! Voltei ao ponto zero. Não há o que fazer contra uma natureza interna. Tenho que ficar com isto até que cresça até a altura do problema.
...


- Acabou o diálogo? “Me deixei na mão”?

Se observar bem verei que deixei meu cérebro racional-linear com sua escolha intransigente e sofredora, diante de uma coisa que é maior que ele, meu SER REAL.

Sou obrigado a escolher; me IDENTIFICAR com ele, o cérebro do macaco, ou SER a INTELIGÊNCIA, CONSCIENTE e AUTODETERMINADA! Se escolher ser esta última é só esperar que ela aja!


Wagner Nogueira
17/01/17